domingo, 10 de agosto de 2014

Erros de engenharia na Boate Kiss

O incêndio que deixou 235 mortos, até a atual data (31/01/13), na madrugada de domingo 27 de janeiro em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, acabou por revelar os defeitos da estrutura que existiam na boate Kiss, onde aconteceu o ocorrido. A avaliação feita por Ivan Ricardo Fernandes, engenheiro civil e capitão do Corpo de Bombeiros do Paraná, indica que a casa noturna não estava regulamentada nas normas básicas de segurança contra incêndios, como capacidade de lotação e número suficiente de saídas de emergência.

A estimativa de segurança apropriada foi baseada na lotação atual do ocorrido, após análise de imagens e relatos de testemunhas. Famosa por abrigar festas universitárias, a casa noturna informava poder abrigar até 2 mil pessoas. Mas em seu primeiro alvará a boate indicava a capacidade máxima de apenas 691 pessoas.

Uso de artefatos pirotécnicos.

Produtor musical da banda, disse ter deixado preparados, nas laterais do palco, dois “fogos gelados”. Um tipo de fogos que não queimam, próprio para ser usado em locais fechados, mas como ocorreu um incêndio acreditasse que os fogos usados no show eram os mais baratos.

O produtor da banda Gurizada Fandangueira foi quem comprou os fogos de artifícios usados pela banda na noite do incêndio. Em depoimento à polícia, ele admitiu que o grupo não tinha autorização para utilizá-los, contou como funcionavam os fogos e disse que chegou a tentar apagar o início do incêndio com uma garrafa d’água.

Saídas de Emergência.

Considerando os padrões exigidos pela ABNT, a largura total das saídas da boate Kiss deveria, considerando sua estrutura, ter pelo menos 7 metros. Porém, segundo testemunhas, entretanto, só havia uma porta de 2 metros de largura, que servia de entrada e saída do público.

De acordo com os bombeiros para um estabelecimento com uma única saída de 2 metros a capacidade máxima seria de 400 pessoas. Mesmo assim comenta por ser uma casa noturna, a boate Kiss deveria ter, pelo menos, duas saídas de emergência.

A partir das imagens da boate, só haveria uma rota de fuga, que era a própria porta de entrada e saída. Ainda com base nas normas da ABNT, a distância máxima a ser percorrida de qualquer lugar do estabelecimento até a saída não poderia exceder 30 metros.

A boate possuía duas “portas de saída”, mas essas davam para um hall que levava a única porta que funcionava como entrada e saída da boate.

Extintores

Testemunhas relataram que alguns seguranças tentaram apagar as chamas no teto da boate com extintores e que os equipamentos não funcionaram. Um segurança e o vocalista da banda tentaram operar o equipamento, que falhou. A boate sustenta que contava com “todos os equipamentos previsíveis e necessários para o sistema de proteção e combate contra o incêndio”. O delegado Marcelo Arigony disse que os extintores poderiam ser falsos.

Espuma de isolamento acústico.

A espuma de isolamento acústico usada na boate era de poliuretano. Ela foi fixada no teto da boate em julho do ano passado, portanto, depois da última vistoria dos bombeiros. O advogado de Kiko Spohr, um dos sócios da boate, disse que seu cliente não tinha conhecimento técnico sobre o assunto e contratou uma empresa de engenharia para planejar e executar a obra de adequação acústica.

A espuma de poliuretano ao entrar em combustão ela libera ácido cianídrico, um gás altamente venenoso, utilizado no holocausto e nas câmaras de gás para execução de prisioneiros em alguns estados dos Estados Unidos.

O ácido cianídrico combina-se com a hemoglobina, bloqueando o transporte de oxigênio e consequentemente a respiração celular. Ele demora de 3 a 4 minutos para fazer efeito no organismo humano.


Alvarás:

Conforme Decreto 49.969/08, todos os locais de reunião, considerando todos os recintos fechados destinados a reuniões públicas, com lotação igual ou superior a 250 (duzentos e cinquenta) pessoas, tais como teatros, auditórios para conferências, salões para bailes ou danças, boates, casas noturnas, clubes e similares deverão requerer o Alvará de Funcionamento de Local de Reunião.

A prefeitura de Santa Maria afirma que a sua responsabilidade era apenas sobre o alvará de localização. Segundo o prefeito Cezar Schirmer, o que estava vencido era o alvará de prevenção e proteção contra incêndio, que é fornecido pelos Bombeiros. O major Gerson Pereira disse que a corporação “fez tudo o que estava ao alcance”. A boate sustenta que a situação estava regular, pois já havia pedido a renovação.

Portanto:

A boate desrespeitou pelo menos dois artigos de leis estadual e municipal no que diz respeito ao plano de prevenção contra incêndio. Tanto a legislação do Rio Grande do Sul quanto a de Santa Maria listam exigências não cumpridas como a instalação de uma segunda porta, de emergência. Outra medida que não foi cumprida na estrutura da boate diz respeito ao tipo de revestimento utilizado como isolamento acústico.

Fonte: Engenharia É



sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Alpha 2 do Ubuntu 14.10 é lançado

Ele e seus derivados foram disponibilizados junto com o lançamento da segunda ISO de desenvolvimento do Ubuntu MATE.

Na semana passada, foi lançado o alpha 2 do Ubuntu 14.10 Utopic Unicorn, a próxima versão do sistema da Canonical. Ele e seus derivados foram disponibilizados junto com o lançamento da segunda ISO de desenvolvimento do Ubuntu MATE.

O Kubuntu 14.10 Utopic Alpha 2 atualiza o desktop KDE para a versão Beta 4.14, e os desenvolvedores também estão trabalhando no desenvolvimento na nova ISO do novo Kubuntu Plasma 5 (não oficial), que inclui uma versão estável do plasma e do KDE Frameworks 5 5.

O Ubuntu GNOME 14.10 Utopic Alpha 2 traz correções de vários bugs encontrados com a migração no GNOME 3.12, e foram introduzidos o GNOME Weather e o GNOME Maps por padrão.

Já o Ubuntu Kylin 14.10 Utopic Alpha 2 traz a nova versão 0.3.2 do Kylin Ubuntu Software Center, e também faz a sua estreia o aplicativo WizNote, a nova ferramenta para criar e gerenciar notas.

Xubuntu e Lubuntu 14.10 Utopic Alpha 2 são apenas atualizações e trazem várias correções de bugs. Entre as novidades estão o Parole 0.7.0 e a nova versão 4.11.2 do gerenciador de janelas Xfwm4.

Entre as atualizações desse Alpha estão Linux Kernel 3.16, Firefox e Thunderbird 31, X.org 1.15.1 e Mesa 10.2.3.

Fonte: iMasters

domingo, 3 de agosto de 2014

Carta aberta de Roger Waters (Pink Floyd) sobre a Palestina (2013)

Carta aberta de Roger Waters (Pink Floyd) sobre a Palestina

Em 1980, uma canção que escrevi, Another Brick in the Wall (Part 2), foi proibida pelo governo da África do Sul porque estava sendo usada por crianças negras sul-africanas para reivindicar o seu direito a uma educação igualitária. Esse governo de apartheid impôs um bloqueio cultural, por assim dizer, sobre algumas canções, incluindo a minha.

Vinte e cinco anos mais tarde, em 2005, crianças palestinas que participavam num festival na Cisjordânia usaram a canção para protestar contra o muro do apartheid israelita. Elas cantavam: “Não precisamos da ocupação! Não precisamos do muro racista!” Nessa altura, eu não tinha ainda visto com os meus olhos aquilo sobre o que elas cantavam.

Um ano mais tarde, em 2006, fui contratado para atuar em Telavive.

Palestinos do movimento de boicote acadêmico e cultural a Israel exortaram-me a reconsiderar. Eu já tinha me manifestado contra o muro, mas não tinha a certeza de que um boicote cultural fosse a via certa. Os defensores palestinos de um boicote pediram-me que visitasse o território palestino ocupado para ver o muro com os meus olhos antes de tomar uma decisão. Eu concordei.

Sob a protecção das Nações Unidas, visitei Jerusalém e Belém. Nada podia ter-me preparado para aquilo que vi nesse dia. O muro é um edifício revoltante. Ele é policiado por jovens soldados israelitas que me trataram, observador casual de um outro mundo, com uma agressão cheia de desprezo. Se foi assim comigo, um estrangeiro, imaginem o que deve ser com os palestinos, com os subproletários, com os portadores de autorizações. Soube então que a minha consciência não me permitiria afastar-me desse muro, do destino dos palestinos que conheci, pessoas cujas vidas são esmagadas diariamente de mil e uma maneiras pela ocupação de Israel. Em solidariedade, e de alguma forma por impotência, escrevi no muro, naquele dia: “Não precisamos do controle das ideias”.

Tomando nesse momento consciência que a minha presença num palco de Telavive iria legitimar involuntariamente a opressão que estava a testemunhar, cancelei o concerto no estádio de futebol de Telavive e mudei-o para Neve Shalom, uma comunidade agrícola dedicada a criar pintinhos e também, admiravelmente, à cooperação entre pessoas de crenças diferentes, onde muçulmanos, cristãos e judeus vivem e trabalham lado a lado em harmonia.

Contra todas as expectativas, ele tornou-se no maior evento musical da curta história de Israel. 60.000 fãs lutaram contra engarrafamentos de trânsito para assistir. Foi extraordinariamente comovente para mim e para a minha banda e, no fim do concerto, fui levado a exortar os jovens que ali estavam agrupados a exigirem ao seu governo que tentasse chegar à paz com os seus vizinhos e que respeitasse os direitos civis dos palestinos que vivem em Israel.

Infelizmente, nos anos que se seguiram, o governo israelita não fez nenhuma tentativa para implementar legislação que garanta aos árabes israelitas direitos civis iguais aos que têm os judeus israelitas, e o muro cresceu, inexoravelmente, anexando cada vez mais da faixa ocidental.

Aprendi nesse dia de 2006 em Belém alguma coisa do que significa viver sob ocupação, encarcerado por trás de um muro. Significa que um agricultor palestino tem de ver oliveiras centenárias ser arrancadas. Significa que um estudante palestino não pode ir para a escola porque o checkpoint está fechado. Significa que uma mulher pode dar à luz num carro, porque o soldado não a deixará passar até ao hospital que está a dez minutos de estrada. Significa que um artista palestino não pode viajar ao estrangeiro para exibir o seu trabalho ou para mostrar um filme num festival internacional.

Para a população de Gaza, fechada numa prisão virtual por trás do muro do bloqueio ilegal de Israel, significa outra série de injustiças. Significa que as crianças vão para a cama com fome, muitas delas malnutridas cronicamente. Significa que pais e mães, impedidos de trabalhar numa economia dizimada, não têm meios de sustentar as suas famílias. Significa que estudantes universitários com bolsas para estudar no estrangeiro têm de ver uma oportunidade escapar porque não são autorizados a viajar.

Na minha opinião, o controle repugnante e draconiano que Israel exerce sobre os palestinos de Gaza cercados e os palestinos da Cisjordânia ocupada (incluindo Jerusalém oriental), assim como a sua negação dos direitos dos refugiados de regressar às suas casas em Israel, exige que as pessoas com sentido de justiça em todo o mundo apoiem os palestinos na sua resistência civil, não violenta.

Onde os governos se recusam a atuar, as pessoas devem fazê-lo, com os meios pacíficos que tiverem à sua disposição. Para alguns, isto significou juntar-se à Marcha da Liberdade de Gaza; para outros, juntar-se à flotilha humanitária que tentou levar até Gaza a muito necessitada ajuda humanitária.

Para mim, isso significa declarar a minha intenção de me manter solidário, não só com o povo da Palestina, mas também com os muitos milhares de israelitas que discordam das políticas racistas e coloniais dos seus governos, juntando-me à campanha de Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS) contra Israel, até que este satisfaça três direitos humanos básicos exigidos na lei internacional.

1. Pondo fim à ocupação e à colonização de todas as terras árabes [ocupadas desde 1967] e desmantelando o muro;

2. Reconhecendo os direitos fundamentais dos cidadãos árabe-palestinos de Israel em plena igualdade; e

3. Respeitando, protegendo e promovendo os direitos dos refugiados palestinos de regressar às suas casas e propriedades como estipulado na resolução 194 da ONU.

A minha convicção nasceu da ideia de que todas as pessoas merecem direitos humanos básicos. A minha posição não é anti-semita. Isto não é um ataque ao povo de Israel. Isto é, no entanto, um apelo aos meus colegas da indústria da música e também a artistas de outras áreas para que se juntem ao boicote cultural.

Os artistas tiveram razão de recusar-se a atuar na estação de Sun City na África do Sul até que o apartheid caísse e que brancos e negros gozassem dos mesmos direitos. E nós temos razão de recusar atuar em Israel até que venha o dia – e esse dia virá seguramente – em que o muro da ocupação caia e os palestinos vivam ao lado dos israelitas em paz, liberdade, justiça e dignidade, que todos eles merecem.

Roger Waters

Fonte: A Verdade



segunda-feira, 28 de julho de 2014

China se prepara para desafiar EUA no espaço

No dia 23 de julho a China realizou novo teste de um míssil destinado a destruir satélites na órbita terrestre. Os testes não incluíam a destruição do alvo. Esta informação foi divulgada pelo Departamento de Estado dos EUA citando fontes dos serviços secretos.

Este foi o primeiro teste realizado depois do apelo do presidente chinês Xi Jinping para um reforço da presença no espaço. O apelo foi feito em abril durante a inspeção a uma unidade da Força Aérea.

Na mesma altura Xi Jinping declarou pela primeira vez que a China deveria poder responder à militarização do espaço por parte dos países concorrentes, sobretudo os EUA. Ele prometeu desbloquear fundos suplementares para a criação de “um novo tipo de força militar”, de forma que o exército possua tudo o que necessite para reagir de forma rápida e eficaz a qualquer potencial situação de crise.
Esta é a segunda sequência de testes durante a atual direção. A primeira ocorreu em maio de 2013. Nessa altura a China colocou em órbita um interceptor cinético de sondas espaciais. Ele destrói o alvo com a força do impacto sem detonação de carga explosiva.

Entretanto, destruir um aparelho espacial do provável adversário não é o método mais eficaz, consideram os peritos. O método mais eficaz é atingi-lo de forma radioeletrônica ou com laser. Não é de excluir que foi isso que se testou desta vez. Pelo menos o analista político Vladimir Evseev não exclui a possibilidade da China já ter sistemas que neutralizem satélites com laser:

“A China aumenta suas diversas capacidades não apenas para atingir tecnicamente os satélites, mas também de os tornar cegos. Nomeadamente, através a colocação na proximidade do aparelho do provável adversário de microssatélites que o cercam, neutralizando sua visão. Isso deverá ser, provavelmente, o objetivo final dos seus projetos. Os trabalhos estão em curso, a questão é a fase em que se encontram. De qualquer forma, a China está se preparando para a possibilidade de haver guerra no espaço.”

Os EUA já comunicaram por diversas vezes aos representantes oficiais da China a sua preocupação pelo desenvolvimento de sistemas antissatélite. Os apelos para que os chineses se abstenham de desenvolver e testar esse tipo de armas são justificados por Washington com os interesses de segurança no espaço.

Os EUA receiam os avanços da China no espaço, diz o major-general Vladimir Dvorkin, perito do Instituto de Economia Mundial e Relações Internacionais:

“Os norte-americanos são quem mais depende do espaço no apoio a quaisquer operações de reconhecimento e controle. Por isso eles, como é evidente, ficam preocupados quando os outros países desenvolvem ou testam sistemas que possam de alguma forma perturbar suas atividades espaciais. Os EUA temem que a China atinja um nível em que seu sistema antissatélites possa paralisar eficazmente a componente espacial de apoio militar.”

A China já lançou no espaço um sério desafio aos EUA. Agora ela continua competindo – precisamente na criação de armas antissatélite, considera o vice-presidente da Academia de Problemas Geopolíticos Konstantin Sivkov:

“Isso é um sistema real que a China está desenvolvendo. Ela possui todas as capacidades e possibilidades para criar essas armas e ela está desenvolvendo-as. Temos de olhar para a China como para um país que conquistou seu lugar entre os mais avançados no plano tecnológico. Ela inda está um pouquinho atrasada, mas esse atraso poderá ser compensado nos anos mais próximos.”

O primeiro teste sério de uma arma antissatélite foi realizado pela China em 2007. Em órbita baixa, um míssil balístico destruiu um velho satélite meteorológico chinês. Por enquanto ainda não há dados que confirmem ser a China capaz de destruir aparelhos espaciais em órbitas geoestacionárias. Para isso é preciso ter um grupo espacial de ataque.

A Rússia e a China propuseram uma convenção internacional para proibição da colocação de armas no espaço, por isso os peritos supõem que a China não irá colocar quaisquer armas no espaço. Contudo, ela pretende obter esse potencial e parece estar trabalhando nesse sentido.

Fonte: Natalia Kacho (Voz da Rússia)


sexta-feira, 4 de julho de 2014

Pressão Atmosférica

Deve-se ter em mente que a pressão média ao nível do mar situa-se em torno de 1013 Milibar(Mb) ou Hectopascal (hPa), essas são as unidades de medidas mais utilizadas hoje em dia no mundo. Os instrumentos utilizados para determinar a pressão atmosférica chamam-se barômetro ou barógrafo.

Diante dos veículos de medição, quando temos uma pressão atmosférica superior a 1013 Mb ou hPa (alta pressão ou anticiclone) é por que o ar está mais pesado, descendo, consequentemente mais frio e seco e nos dá uma boa pista para dizermos que poderemos não ter chuva e/ou frio. Se a pressão atmosférica estiver com valor abaixo de 1013 Mb ou hPa (baixa pressão ou ciclone) é porque o ar está mais leve, se ele está mais leve, ele subirá, levando o calor e umidade que se transformarão em nuvens e mais tarde em chuva, assim sendo o tempo poderá ser chuvoso e/ou quente.

Fonte: http://www.montanha.bio.br
 
 

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Afinal, buracos negros existem?

Na CH deste mês, o físico George Matsas afirma que, até o final desta década, a nova geração de detectores produzirá provas concretas da existência dessas regiões do universo das quais nem a luz escapa.

Buracos negros são regiões de onde nem mesmo a luz consegue escapar devido ao intenso campo gravitacional, certo? Certo. Mas, até que ponto temos certeza de que eles existem?

Antes de mais nada, os buracos negros são uma previsão direta da relatividade geral, teoria da gravitação muito mais precisa que aquela universal, idealizada pelo físico britânico Isaac Newton (1643-1727). Sem a relatividade geral, o sistema de localização global (GPS), por exemplo, não funcionaria. Além disso, cálculos computacionais cada vez mais precisos, simulando a colisão de estrelas de nêutrons, bem como o colapso de estrelas muito massivas, dão fortes evidências de que deve haver muitos buracos negros no universo.

Os buracos negros são uma previsão direta da relatividade geral

Mas há evidências observacionais, além de teóricas? Avançamos muito desde 50 anos atrás, quando se dizia que a melhor prova da existência dos buracos negros era a de que eles nunca haviam sido observados – afinal, são negros. Uma busca na internet pelos verbetes ‘buraco negro’ e ‘sagittarius A’ nos conduz a vídeos que exibem estrelas no centro de nossa galáxia, orbitando um ‘ponto’ com quase 4 milhões de massas solares. Não há estrelas estáveis com essa massa.

Portanto, de longe, a melhor explicação para essa observação é que, no centro de nossa galáxia, há um buraco negro gigante. Trata-se de uma evidência indireta, mas convincente. Acredita-se, hoje, que, tipicamente, toda galáxia deve ter um buraco negro gigante em seu centro.

Ainda assim, os mais céticos não ficarão satisfeitos até que tenhamos evidências diretas, como a observação ‘inconteste’ de energia desaparecendo de nossa linha de visada. Afinal, isso é o que caracterizaria buracos negros: a existência de uma fronteira de não retorno – denominada horizonte de eventos –, de onde nada escapa.

Quando a rede EHT tiver precisão suficiente para ‘enxergar’ estruturas extremamente diminutas (microssegundos de arco), ‘veremos’, então, o buraco negro como uma mancha escura no centro da galáxia

Com um pouco de sorte, isso será possível em uns cinco anos, quando a rede global de radiotelescópios EHT (sigla, em inglês, para Telescópios de Horizonte de Eventos) estiver em pleno funcionamento. A ideia será combinar vários radiotelescópios espalhados pelo planeta, fazendo com que funcionem como um único, de tamanho igual ao da superfície da Terra. Então, quando essa rede tiver precisão suficiente para ‘enxergar’ estruturas extremamente diminutas (microssegundos de arco), ‘veremos’, então, o buraco negro como uma mancha escura no centro da galáxia.

Há também outra estratégia completamente diferente: detectar as ondas gravitacionais emitidas quando um buraco negro é perturbado – por exemplo, pela captura de uma estrela. Ondas gravitacionais são perturbações do próprio espaço-tempo que se propagam à velocidade da luz (300 mil km/s). Quando emitidas por buracos negros, essas ondas são como a impressão digital desses corpos cósmicos, porque têm propriedades muito características.

A detecção de ondas gravitacionais emitidas por buracos negros deve acontecer até o final desta década, quando a nova geração de detectores norte-americanos e europeus, Ligo e Virgo, estiver em funcionamento.

Mesmo depois de tudo isso, é bem possível que ainda haja pessoas especulando que aquilo que denominamos buracos negros talvez sejam apenas regiões de gravidade muito intensa, com um horizonte aparente – que não delimita nenhuma região de não retorno – no lugar do horizonte de eventos. Mas, nesse caso, o ônus da prova ficará com aqueles que, contra todas as evidências, advogarem a inexistência desses corpos.

Buracos negros estão por aí, pode apostar.

Fonte: George Matsas, Instituto de Física Teórica, Universidade Estadual Paulista, Texto originalmente publicado na CH 314 (maio de 2014)

quarta-feira, 30 de abril de 2014

Todo mundo já teve um Nokia

Marca finlandesa é um ícone das telecomunicações. Agora, vendida para a Microsoft, deve sair do mercado aos poucos

Nunca a teoria de Darwin sobre a evolução das espécies fez tanto sentido como no mundo tecnológico contemporâneo. Técnicas, produtos, ofícios e mercados que não se adaptam a um ambiente extremamente competitivo e em sucessiva mutação simplesmente desaparecem. E, nessa dinâmica fagocitária, é simbólica a transformação da marca Nokia em Microsoft Mobile, com a aquisição da tradicional companhia finlandesa pelo grupo americano.

A operação, avaliada em 5,4 bilhões de euros (US$ 7,5 bilhões ou R$ 16,7 bilhões), é mais um sinal de que as empresas do setor precisam se reinventar constantemente para não serem devoradas. Maior fabricante de celulares até 2012, com aparelhos robustos, baratos e eficientes, a Nokia - fundada em 1865 como uma fábrica de papel - começou a perder terreno em 2007, com o lançamento do iPhone, da Apple, e o avanço do sistema operacional da Google, o Android.

Antes, porém, quando a telefonia celular começou a ser explorada no Brasil, no início da década de 90, a Nokia era sinônimo de celular. É difícil encontrar quem nunca teve um Nokia ou um Motorola, sua grande concorrente no pós-modernização das telecomunicações no Brasil.

A aquisição da divisão de celulares da Nokia pela Microsoft, anunciada em setembro, será formalizada amanhã. A companhia - uma espécie de Davi da Finlândia que chegou a ameaçar o então Golias americano Motorola - pertencerá totalmente à Microsoft e deverá se transformar na sua divisão de celulares.

Será o fim de uma marca icônica e de um peso-pesado da economia finlandesa, que entre 1998 e 2007 contribuiu com um quarto do Produto Interno Bruto (PIB) do país, segundo a revista The Economist.

"A Nokia ficou no passado, perdendo a corrida para Google e Apple", afirma o engenheiro Hermano Pinto, especialista em rede de telecomunicações. Outro especialista, que pediu para não ser identificado, lembra que, na área de telecomunicações, tem sido comum a empresa que é comprada assumir a marca da compradora. "Está sendo assim com a Motorola, comprada pela Google. Foi assim quando a sul-coreana BenQ comprou a Siemens. Esse é o jogo".

Fonte: AFP