segunda-feira, 28 de julho de 2014

China se prepara para desafiar EUA no espaço

No dia 23 de julho a China realizou novo teste de um míssil destinado a destruir satélites na órbita terrestre. Os testes não incluíam a destruição do alvo. Esta informação foi divulgada pelo Departamento de Estado dos EUA citando fontes dos serviços secretos.

Este foi o primeiro teste realizado depois do apelo do presidente chinês Xi Jinping para um reforço da presença no espaço. O apelo foi feito em abril durante a inspeção a uma unidade da Força Aérea.

Na mesma altura Xi Jinping declarou pela primeira vez que a China deveria poder responder à militarização do espaço por parte dos países concorrentes, sobretudo os EUA. Ele prometeu desbloquear fundos suplementares para a criação de “um novo tipo de força militar”, de forma que o exército possua tudo o que necessite para reagir de forma rápida e eficaz a qualquer potencial situação de crise.
Esta é a segunda sequência de testes durante a atual direção. A primeira ocorreu em maio de 2013. Nessa altura a China colocou em órbita um interceptor cinético de sondas espaciais. Ele destrói o alvo com a força do impacto sem detonação de carga explosiva.

Entretanto, destruir um aparelho espacial do provável adversário não é o método mais eficaz, consideram os peritos. O método mais eficaz é atingi-lo de forma radioeletrônica ou com laser. Não é de excluir que foi isso que se testou desta vez. Pelo menos o analista político Vladimir Evseev não exclui a possibilidade da China já ter sistemas que neutralizem satélites com laser:

“A China aumenta suas diversas capacidades não apenas para atingir tecnicamente os satélites, mas também de os tornar cegos. Nomeadamente, através a colocação na proximidade do aparelho do provável adversário de microssatélites que o cercam, neutralizando sua visão. Isso deverá ser, provavelmente, o objetivo final dos seus projetos. Os trabalhos estão em curso, a questão é a fase em que se encontram. De qualquer forma, a China está se preparando para a possibilidade de haver guerra no espaço.”

Os EUA já comunicaram por diversas vezes aos representantes oficiais da China a sua preocupação pelo desenvolvimento de sistemas antissatélite. Os apelos para que os chineses se abstenham de desenvolver e testar esse tipo de armas são justificados por Washington com os interesses de segurança no espaço.

Os EUA receiam os avanços da China no espaço, diz o major-general Vladimir Dvorkin, perito do Instituto de Economia Mundial e Relações Internacionais:

“Os norte-americanos são quem mais depende do espaço no apoio a quaisquer operações de reconhecimento e controle. Por isso eles, como é evidente, ficam preocupados quando os outros países desenvolvem ou testam sistemas que possam de alguma forma perturbar suas atividades espaciais. Os EUA temem que a China atinja um nível em que seu sistema antissatélites possa paralisar eficazmente a componente espacial de apoio militar.”

A China já lançou no espaço um sério desafio aos EUA. Agora ela continua competindo – precisamente na criação de armas antissatélite, considera o vice-presidente da Academia de Problemas Geopolíticos Konstantin Sivkov:

“Isso é um sistema real que a China está desenvolvendo. Ela possui todas as capacidades e possibilidades para criar essas armas e ela está desenvolvendo-as. Temos de olhar para a China como para um país que conquistou seu lugar entre os mais avançados no plano tecnológico. Ela inda está um pouquinho atrasada, mas esse atraso poderá ser compensado nos anos mais próximos.”

O primeiro teste sério de uma arma antissatélite foi realizado pela China em 2007. Em órbita baixa, um míssil balístico destruiu um velho satélite meteorológico chinês. Por enquanto ainda não há dados que confirmem ser a China capaz de destruir aparelhos espaciais em órbitas geoestacionárias. Para isso é preciso ter um grupo espacial de ataque.

A Rússia e a China propuseram uma convenção internacional para proibição da colocação de armas no espaço, por isso os peritos supõem que a China não irá colocar quaisquer armas no espaço. Contudo, ela pretende obter esse potencial e parece estar trabalhando nesse sentido.

Fonte: Natalia Kacho (Voz da Rússia)


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